No ano passado estreou-se da melhor forma na prova ao ser o nono classificado na geral no final da mesma e o vencedor na classe 450cc, precisamente aos comandos de uma Yamaha idêntica à que utilizou este ano. Em 2007 tinha sobre si a responsabilidade de defender o resultado do passado ano e foi isso mesmo que fez, mas de forma ainda mais clara em relação ao concorrente. Depois de duas semanas de prova o português Hélder Rodrigues conseguiu não só repetir a vitória na categoria, mas garantiu igualmente duas vitórias em especiais e terminou na quinta posição final, o melhor resultado de sempre conseguido por um piloto luso.
"O meu objectivo era entrar nos cinco primeiros e ganhar pelo menos uma etapa. Fiquei em quinto lugar e ganhei duas etapas. Estou portanto satisfeito com o resultado. Trabalhámos muito para o conseguir. A equipa é a melhor e a moto também. Não pude previligiar a preparação do Dakar por causa da temporada de enduro, mas no próximo ano vou alterar as prioridades e preparar melhor esta prova."
Palavras de Hélder Rodrigues depois da chegada ao Lago Rosa, pelo segundo consecutivo como o melhor das 450 e agora na quinta posição final, a melhor de sempre para um português.
A última etapa da prova que se realizou hoje junto ao Lago Rosa, correu de feição ao piloto do Volkswagen Touareg que terminou os 16 quilómetros cronometrados no quarto posto: “A etapa de hoje em nada mudou as classificações gerais. Foi mais um percurso para conclusão e espectáculo do que propriamente competitivo. Ainda assim, dei o meu melhor para o imenso público que circundava toda a classificativa”, começou por dizer Carlos Sousa.
Apesar do sétimo lugar da geral, Carlos Sousa está consciente que este foi sem dúvida o seu melhor Dakar: “Acho que nunca andei a este nível. Sempre nos lugares da frente e com um andamento muito rápido. Contudo, existiram três etapas que condicionaram o resultado final. Mas o Dakar é mesmo assim, é uma prova de muita resistência que vence aqueles que tiverem mais sorte”, continuou o piloto português.
A sorte não esteve nessas alturas do lado da equipa portuguesa, mas Carlos Sousa não lamentou o resultado final: “Porque tanto para mim, como para a equipa e como para o público em geral, todos se aperceberam do trabalho que eu e o Andy desenvolvemos em prova. Estou muito contente pela nossa performance. Gostava desta forma, de agradecer ao Lagos Team, assim como a todos os seus patrocinadores, terem acreditado neste projecto”, concluiu Carlos Sousa que de 11 participações em Dakar concluiu 10.
Classificação na 15ª Etapa: 1º Giniel De Villiers/Zitzewitz – Volkswagen Touareg com 7m42s; 2º Carlos Sainz/Perin – Volkswagen Touareg a 2s; 3º Robby Gordon/Grider – Hummer a 26s; 4º Carlos Sousa/Andreas Schulz – Volkswagen Touareg a 42s
Classificação do Lisboa-Dakar 2007: 1º Stephane Peterhansel/Cottret – Mitsubishi Pajero com 45h53m37s; 2º Luc Alphand/Gilles Picard – Mitsubishi Pajero a 7m26s; 3º JL Schlesser/Arnaud Debron – Schlesser Ford a 1h33m57s (…) 7º Carlos Sousa/Andreas Schulz – Volkswagen Touareg a 5h10m54s
Como era esperado, Stéphane Peterhansel, Cyril Després e Hans Stacey confirmaram hoje as suas vitórias no Lisboa-Dakar. Na comitiva portuguesa, destaque para Hélder Rodrigues que assegurou o quinto posto, enquanto Carlos Sousa, depois dos problemas conhecidos, não foi além do sétimo posto. Miguel Barbosa foi 14º, enquanto Elisabete Jacinto bem tentou alcançar o 20º posto, mas ficou a pouco mais de dois minutos do objectivo.
Para Stéphane Peterhansel, esta foi a nona vitória no Dakar. Seis vitórias em motos e agora a terceira nos automóveis. Terminou a prova com apenas 7m26s de avanço sobre o seu companheiro de equipa e compatriota, Luc Alphand, e 1h33m57s à frente de Jean-Louis Schlesser.
A derradeira etapa ficou ainda marcada por uma penalização a All Attyiah, que assim desceu do quarto ao sexto posto, passando Mark Miller e Hiroshi Masuoka a ocuparem o quarto e quinto postos da geral.
Autos: 15ª Etapa
1º Giniel de Villiers (South Africa) Volkswagen 7:42
2º Carlos Sainz (Spain) Volkswagen 7:44
3º Robby Gordon (U.S.) Hummer 8:08
4º Carlos Sousa (Portugal) Volkswagen 8:24
5º Jean-Louis Schlesser (France) Schlesser-Ford 8:25
6º Freddy Loix (Belgium) Buggy 8:35
7º Jutta Kleinschmidt (Germany) BMW 8:44
8º Michael Petersen (U.S) Buggy 8:49
9º Miguel Barbosa (Portugal) Proto 8:51
10º Nani Roma (Spain) Mitsubishi 8:59 Final Standings
Após 15ª Etapa
1º Stephane Peterhansel (France) Mitsubishi 45:53:37
2º Luc Alphand (France) Mitsubishi 46:01:03
3º Jean-Louis Schlesser (France) Schlesser-Ford 47:27:34
4º Mark Miller (U.S.) Volkswagen 48:03:53
5º Hiroshi Masuoka (Japan) Mitsubishi 48:38:08
6º Nasser Al-Attiyah (Qatar) BMW 49:25:36
7º Carlos Sousa (Portugal) Volkswagen 51:04:31
8º Robby Gordon (U.S.) Hummer 52:57:44
9º Carlos Sainz (Spain) Volkswagen 53:19:22
10º Stephane Henrard (Belgium) Volkswagen 54:22:06
Motos: 15ª Etapa
1º Janis Vinters (Latvia) KTM 8:42
2º Pal Anders Ullevalseter (Norway) KTM 8:49
3º Helder Rodrigues (Portugal) Yamaha 9:07
4º Jean de Azevedo (Brazil) KTM 9:10
5º Eric Croquelois (France) Yamaha 9:12
6º David Casteu (France) KTM 9:14
7º Thierry Bethys (France) Honda 9:27
8º Daniel Willemsen (Netherlands) Yamaha 9:31
9º Paulo Goncalves (Portugal) Honda 9:34
10º Kemal Merkit (Turkey) KTM 9:36 Final Standings
Após 15ª Etapa
1º Cyril Despres (France) KTM 51:36:53
2º David Casteu (France) KTM 52:11:12
3º Chris Blais (U.S.) KTM 52:28:59
4º Pal Anders Ullevalseter (Norway) KTM 53:14:50
5º Helder Rodrigues (Portugal) Yamaha 54:07:34
6º Janis Vinters (Latvia) KTM 54:21:14
7º Michel Marchini (France) Yamaha 54:37:20
8º Thierry Bethys (France) Honda 55:03:26
9º Jaroslav Katrinak (Slovakia) KTM 55:17:03
10º Jacek Czachor (Poland) KTM 56:00:57
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Os danos na sua KTM pareciam, à partida, irrecuperáveis, mas o espanhol foi bem sucedido na reparação da sua moto, já que canibalizou peças da mota do infortunado Marc Coma. Pujol caiu seis lugares na classificação geral, pelo que continua em prova na 12ª posição.
“Ele, em sénior, nunca conseguiu grandes resultados porque nunca deixou os estudos, o que lhe retirava tempo para treinar como os outros colegas, que na sua grande maioria já não estudam.”
“Queria dedicar mais esta conquista ao Diogo. Infelizmente faleceu na quinta-feira passada devido a doença prolongada. O Motocross perdeu uma jovem esperança e nós um grande amigo.”
“O Diogo não era apenas mais um piloto. Era um apaixonado pela modalidade que estava sempre a falar de motas. Era quase um fanático. Sabia os resultados todos na ponta da língua e um dos seus últimos desejos foi ser sepultado todo equipado.”
“Um dos últimos desejos do Diogo era a realização de uma prova de homenagem. Acredito que nesta altura ele se deve estar a sentir muito feliz”, disse a irmã do malogrado piloto, sem conseguir esconder a emoção. “Sentimos muito a tua falta. Espero que tenhas gostado."
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Diogo Carvalho falou a O MIRANTE em 2000
Em Outubro de 2000, O MIRANTE entrevistou Diogo Carvalho, então com 16 anos. Já nessa altura o jovem piloto confessou ao nosso jornal a sua paixão pelas motos, nomeadamente pelo enduro, modalidade em que foi várias vezes campeão nacional nas classes jovens. O seu sonho era repetir a proeza e ser campeão de seniores.
Diogo recebeu a primeira mota quando tinha apenas dois anos e numa altura que ainda nem sequer sabia andar de bicicleta. Começou a correr a sério aos sete anos, na altura em provas de motocross, mas aos 11 passou para o enduro.
"Não me sinto bem se não estiver a andar de moto. É algo que já faz parte de mim", disse na altura o jovem de Almeirim ao nosso jornal, confessando ainda que o seu maior medo eram as lesões, o que no entanto não o fazia baixar os braços. "Em cada lesão fico ainda mais motivado e consciente dos problemas deste desporto", sublinhou.
A crueldade do destino fez com que partisse aos 21 anos, vítima de leucemia.
É pelo espírito de aventura mas também pelos projectos sonhados a dois com o filho Diogo, entretanto falecido, que José Henrique Carvalho, de 48 anos, decidiu meter-se à aventura e participar no mítico Lisboa – Dakar. Sozinho com a sua mota e uma mala onde vão apenas artigos de higiene, roupa, meia dúzia de ferramentas e umas peças “de combate” sobressalentes, tem como grande objectivo completar pelo menos três provas em África. Alugou um pequeno espaço num camião da KTM de fábrica onde leva mais algumas peças sobressalentes. Assim tenha tempo, entre ligações, de fazer as reparações.
José Henriques, como é conhecido em Almeirim, onde é dono de um bar, esteve para participar no Dakar em 1979. Inscreveu-se numa espécie de concurso promovido pelo jornal AutoSport, mas o projecto não foi avante. Na altura era piloto de motocross e fazia também raids todo-o-terreno. Entretanto teve uma lesão grave em que esteve vários meses no hospital devido a ter fracturado tíbia e perónio e demorou cerca de um ano a recuperar e voltar a andar normalmente.
A lesão levou-o a abdicar das corridas e passou então a acompanhar o filho Diogo nas provas de motocross e enduro, tendo vencido vários campeonatos. Só que os estudos não perdoam e quando Diogo foi estudar para Lisboa e abrandou a competição, pai e filho começaram a pensar participar no Dakar. Decidiram ir a França falar com uns amigos para comprar duas motas e participarem na edição de 2006.
Só que o destino pregou uma partida e Diogo Carvalho adoeceu e faleceu pouco tempo depois (ver caixa). O sonho ficou desfeito mas José Henriques fez das fraquezas forças e decidiu manter a ideia de ir ao Dakar, com a certeza que Diogo, onde quer que esteja, irá sempre a seu lado. Nos últimos meses tem treinado na região com alguns amigos e fez duas corridas para o troféu Vintage, destinado a motos e pilotos de outros tempos, em que fez um terceiro e um primeiro lugar.
Além de ir sozinho, José Henriques, que corre com o dorsal nº 190, conhece de África apenas aquilo que viu na televisão ou que os amigos lhe contaram. “Não vou lá modificar nada. Vou ter de aprender com o deserto que está lá há milhões de anos e fazer o melhor que puder”, reconhece. Fazer o Dakar é uma aventura ao alcance de muito poucos, sobretudo sem o apoio de marcas ou apoios privados. José Henriques sabe-o e é por isso que estabeleceu como grande meta terminar no mínimo três etapas em África. “Se conseguir chegar ao meio melhor, se chegar ao fim então será uma festa como deverá calcular, mas o meu objectivo realista é acabar três etapas em África”, refere.
Quando questionamos José Henriques sobre as principais dificuldades que espera encontrar a resposta é simples: “não estou à espera de nada fácil”. Ao contrário de outros pilotos com mais apoio, que se podem dar ao luxo de descansar enquanto os mecânicos preparam os veículos para o dia seguinte, José Henriques vai ter muito pouco tempo de descanso. Depois de 10 ou 12 horas de etapa tem sempre mais 3 ou 4 horas para tratar da mota. “Vou ter de pensar que estou sozinho e saber gerir as emoções. Mesmo que sinta que posso andar mais não o deverei fazer porque tenho de poupar a mota”.
O piloto de Almeirim vai correr com uma KTM 660 R, que foi toda montada à mão para participar no Campeonato Mundial de Bajas. Não está à venda nos circuitos normais de comercialização e tem de ser encomendada na fábrica com um mínimo de 1 ano de antecedência. A mota é uma parte grande do investimento de cerca de 70 mil euros que José Henriques já gastou com esta participação no Lisboa – Dakar.
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Um almeirinense no Lisboa - Dakar
José Henrique Tavares Carvalho, 48 Anos. Conhecido entre nós como o Zé Henrique dono do Bar situado no Largo General Guerra. Ele esteve no Rally Lisboa-Dakar. Um sonho de criança que começou a ganhar mais força quando decidiu planear ir com o filho, Diogo. Mas a realidade que é a vida, competiu com o Diogo e infelizmente este não conseguiu vencer... O pai correu pelos dois. Desistiu por fadiga mas cumpriu o objectivo de chegar a solo africano. José Henrique há muito que tinha o sonho de participar numa competição única no mundo como é o Rally no Deserto do Dakar.
«Comecei a pensar desde 1990, mas uma lesão atrasou de certo modo esse meu objectivo e acabei mesmo por desistir de competir. Entretanto o meu filho começou a ganhar o gosto pela modalidade e começou a praticar, também com a minha ajuda, chegando a participar e a sonhar com a hipótese de um dia chegar ao Dakar, falávamos muito sobre isso.»
Só que em 2005 o Diogo Carvalho perdia a sua grande corrida, não conseguiu ganhar a prova mais importante, a vida. Diagnosticada uma doença grave, foi uma questão de tempo para que o Diogo partisse em direcção a outro caminho. «Estes últimos anos foram terríveis para a nossa família, foi uma perda enorme. Ele ainda foi ao Campeonato do Mundo em Cúrias durante seis dias e já nessa altura começamos a combinar ir ao Dakar. Na Europa já tínhamos participado em várias provas e achamos que era agora o momento ideal de arriscar um sonho antigo.»
Foi há dois anos que José e Diogo decidiram participar na competição mais apetecida, o Rally no Deserto do Dakar, uma ideia que estava a ganhar bastante força, mas o destino, esse, o da vida, estava mais que traçado. «Agora vou eu e ele, ao Lisboa Dakar, de uma outra forma é claro, mas em mente e espírito o Diogo vai participar na prova sempre mais quis e onde ambicionou chegar...»
Na preparação para a prova estão algumas emoções com fortes sentimentos à mistura, por exemplo a Moto de prova tem quase na totalidade imagens do Diogo estampadas à sua volta. «Sim, são todas fotografias dele que dão a imagem colorida e este efeito à moto. A foto que está no depósito, foi a primeira prova que ele fez e as outras são da prova em Andúr. As restantes são as que me criam um sentimento mais forte e coragem para seguir em frente por ele...» Um Pai que parte em direcção a uma aventura no Deserto em homenagem ao filho. «Acho que é mais que isso, não encontro a palavra certa. Pode ser uma homenagem, pode ser muita coisa... são misturas de emoções e vontades. Sinto que tenho de ir o mais depressa possível, e isso é de fazer enquanto se está vivo...»
Zé Henrique: "Seremos dois a conduzir a mota"
Os gastos e o pessoal para uma prova destas são em grande quantidade, mas mesmo assim a vontade e fé por vezes ultrapassa muitas barreiras. «Existem duas formas de poder ir a uma prova desta dimensão. Como eu, que sou um Motard e vou sozinho, sem mecânico, sem apoio ou assistente. Damos a volta à situação com o aluguer de um espaço que é vendido ao metro cúbico, num camião da prova que serve para levar alguns pneus, ferramentas e roupas. Em contrapartida eles fornecem compressor, máquina de soldar e outros utensílios necessários. O grande problema de não ter apoio mecânico é ter força para o dia a seguir ter a mota nas condições ideais para conti-nuar, ou seja no fim de cada prova tenho de ser eu a mudar rodas, limpar filtros e toda a manutenção para seguir em frente no dia seguinte, e depois há os outros que montam a tenda e descansam, enquanto os mecânicos durante a noite prepararam a mota para o dia seguinte. Mas vou ter que arranjar forças para conseguir...» José Henriques, garante que a inscrição é cara, mas não aí que se gasta mais na prova. «Uma assistência em prova ou o valor da própria moto é mais caro que a inscrição, mas não se pode dizer que esta é seja dispendioso. Estamos a falar do Dakar! Mas quanto às contas só no final poderei tirar as ilações e os verdadeiros números quanto aos gastos, mas não deve fugir dos 70 mil euros. Só a inscrição, sem falar no gasto com vacinas e com cartões visa para passar na Mauritânia, Mali, Senegal, Marrocos, etc, custaram 15 mil euros. Se não fosse tão dispendioso é obvio que já lá tinha ido aos 20 anos. É muito caro»
in o Almeirinense - edição de 12-01-2007
O Dakar é mesmo assim! Quando tudo indicava que Marc Coma rolava calmamente em direcção a nova vitória, eis que uma armadilha, das muitas em que o Dakar é pródigo, acabou com as esperanças do motard espanhol. O vencedor da edição 2006, e líder, até hoje, da classificação geral das motos, abandonou após uma violenta queda ao quilómetro 57 da especial de hoje, entre Kayes e Tambacounda.
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Depois de ser ter perdido ao quilómetro 34, o espanhol da KTM Repsol acabou por cair, tendo sido imediatamente assistido pela organização e posteriormente transportado para o bivouac no helicóptero.
Para Esteve Pujol, vencedor da etapa de ontem e sexto na geral, a sorte não foi diferente. Após passar pelo CP1, o espanhol viria a cair 500 metros depoise, tendo danificado irremediavelmente a sua KTM. Apesar da queda, o piloto nada sofreu.
Duas baixas na armada espanhola das motas, o que significa que Després e Casteu são neste momento os grandes candidatos à vitória, somente com 20 minutos de diferença. Després encontrava-se na liderança da especial após passar pelo CP1.
Dificilmente o dia podia ter corrido melhor ao piloto do Team Repsol Honda. Partindo para a etapa da 12ª posição, Paulo Gonçalves tirou o melhor partido de um terreno que lhe é mais favorável, do intervalo de dois minutos entre cada piloto e do facto de contar também com homens muito experientes e rápidos, o que lhe proporcionou apresentar um ritmo muito forte para concluir a apenas 3m03s de Esteve Pujol e, ao mesmo tempo, dar à Honda o melhor resultado até ao momento no Dakar.
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“Foi um dia magnífico, o primeiro sem qualquer tipo de problemas e onde consegui apresentar um ritmo muito forte”, começou por adiantar “Speedy”. “O facto de partir de 12º e de contar com dois minutos de intervalo foi muito importante, pois não apanhei muito pó. Além disso, como os pilotos da frente tiveram algumas dificuldades de navegação acabei por conseguir aproximar-me deles com mais facilidade”, explicou o piloto de Esposende que começou a ver as possibilidades de um excelente resultado na especial surgirem aquando da passagem pelo primeiro controlo horário.
“Quando cheguei a CP1 percebi que estava muito bem classificado, era terceiro, e vi que podia dar ao Team Repsol Honda um excelente resultado no final do dia. Segui sempre muito próximo do Esteve e, apesar de ainda ter perdido alguns segundos, consegui este magnífico segundo posto. Estou mesmo muito contente porque mostrei ao público português e aos meus patrocinadores todas as minhas capacidades e que, não fossem os azares, podia estar bastante mais à frente na classificação geral”, reconhece Paulo Gonçalves.
“Só espero continuar da mesma forma amanhã. Sou o segundo a partir, dois minutos depois de um piloto que é um excelente navegador, e espero conseguir voltar a tirar o máximo partido disso. Vou tentar dar aos portugueses e à Repsol Honda motivos para uma alegria ainda maior e tentar o triunfo”, rematou Paulo Gonçalves momentos depois de terminar a primeira Etapa disputada já na savana africana.
Os 257 quilómetros que compunham o troço cronometrado eram típicos da savana africana, caracterizada pelos percursos estreitos, duros e muito traiçoeiros. Mas Carlos Sousa estava determinado em voltar a conseguir um bom resultado: «estou muito contente pelo resultado, que se deve, sobretudo, a uma navegação excelente por parte do Andy [Schulz]. Ele esteve ao seu melhor nível. Mas não só. Os pilotos que partiram à minha frente tiveram também um papel importante neste resultado, pois todos, sem excepção, facilitaram as ultrapassagens. Um sinal muito claro de desportivismo», explicou Carlos Sousa.
As características do troço agradaram bastante ao português: «o percurso era muito a meu gosto, mais ao estilo de ralis do que todo-o-terreno. Fiquei particularmente satisfeito pela luta com o Carlos Sainz. Sou um admirador dele e agradou-me disputar com ele a luta pela vitória, mesmo que eu tenha saído derrotado», disse.
O esforço de Carlos Sousa teve recompensa na etapa, mas na geral é muito difícil ganhar lugares: «só penso neste momento em bons resultados nas etapas e, por isso, para amanhã o meu objectivo é igualar ou melhorar a classificação de hoje», concluiu Carlos Sousa.
Depois de dias difíceis, os homens da Volkswagen deram hoje um ar da sua graça com Carlos Sainz a vencer nos automóveis, enquanto o piloto português Carlos Sousa, foi segundo na etapa. Tendo em conta que as diferenças de tempo não foram substanciais, na frente nada mudou. Nas motos, hoje foi o dia de Paulo Gonçalves brilhar, ao conseguir o segundo lugar na tirada. Hélder Rodrigues foi 22º e desceu um lugar na geral, passando para sétimo.
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Filme do dia
Terminou há pouco a 12ª etapa do Dakar com 484 quilómetros, entre os quais, 257 cronometrados. Partiram 311 equipas, entre as quais 140 motos, 111 carros e 60 camiões. O português Hélder Rodrigues foi o primeiro a partir nas motos, virtude de ter sido primeiro na etapa anterior, mas juntamente com Marc Coma e Cyril Despres, líderes, na altura, da especial, perdeu-se ao quilómetro 85 da etapa, tendo que percorrer mais de dez quilómetros para encontrar o rumo certo. Quem viria mais tarde a destacar-se seria Paulo Gonçalves, que acompanhado pelo holandês Frans Verhoeven, dominavam a especial ao quilómetro 97. Este último iria ser vítima de uma queda no quilómetro 181, sofrendo uma luxação no ombro.
A sorte acabou por bater à porta do piloto da KTM, Esteve Pujol que ganhou a etapa com uma vantagem de cerca de três minutos para o português Paulo Gonçalves, que alcançou pela primeira vez um lugar de destaque nesta prova. A quatro minutos chegou o polaco Jacek Czachor. Marc Coma continua a liderar a geral com uma vantagem de mais de 50 minutos para Cyril Despres. Hélder Rodrigues é o português melhor colocado, sendo sétimo na geral.
Nos automóveis, a etapa parecia reservada aos pilotos com experiência em terrenos ao estilo WRC. Carlos Sainz era o favorito para ganhar a etapa e ao quilómetro 54, já era o líder provisório. Liderou a etapa até ao CP1, onde Nani Roma em Mitsubishi Pajero levava uma vantagem mínima de seis segundos. Mas Sainz acabou por sobrepor-se à ‘ameaça’ Mitsubishi e venceu a etapa com autoridade, sendo seguido por Carlos Sousa a menos de quatro minutos. Luc Alphand foi terceiro e Nasser Al Attiyah, vencedor da etapa 11, partiu em primeiro lugar mas acabou por ficar a mais de seis minutos do espanhol da Volkswagen. Na frente da geral continua Peterhansel seguido do seu companheiro de equipa Luc Alphand. O português Carlos Sousa continua a manter o sétimo posto da geral, deixando o americano Bobby Gordon, a bordo de Hummer, a mais de duas horas.
Por vezes as pessoas descobrem que é nas horas mais difíceis que ficam a saber que são capazes de ir mais além. Estrear-se numa prova como o Dakar e passar 24 horas em cima da moto, com imensas peripécias, não é para qualquer um. Foi o que sucedeu a Pedro Bianchi Prata. Por outro lado, o seu colega Hélder Rodrigues definiu a mesma palavra herói doutra forma ao tornar-se o primeiro português a vencer duas etapas na mesma prova.
Neste contexto, o dia de descanso mesmo a calhar para os dois pilotos da Bianchi Prata competições. Se para Hélder Rodrigues o dia serviu para ganhar novo alento para o que resta do Dakar, no sentido de tentar dar mais algumas alegrias aos portugueses, Pedro Bianchi Prata, nesta sua estreia no Dakar, já leva muito para contar.
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Hélder Rodrigues - “Hoje foi um dia bastante bom para nós, pois estavamos todos muito cansados. Um dia praticamente de repouso com uma ligação pequena, mas até fez bem para descontrair um pouco. Agora estamos a preparar tudo para amanhã arrancarmos na frente do Dakar mais uma vez. Vai ser mais uma aventura. O meu objectivo amanhã vai ser rolar rápido, com cabeça, com juízo. Vou tentar navegar ao máximo para fazer o máximo de quilómetros possíveis na frente.”
Pedro Bianchi Prata - “A etapa de hoje foi muito tranquila, porque foi só uma ligação, numa toada amena em alcatrão. Até viemos junto com as assistências.
A etapa de há 2 dias atrás é que continua sem me sair da cabeça. A aventura que passei naquela noite no deserto e as coisas que vivi naquelas mais de 24 horas em cima da mota, e que ao fim ao cabo foram 2 etapas juntas porque cheguei de manhã e arranquei logo para a etapa seguinte. Foi uma aventura muito engraçada, onde tive um problema com a roda de trás e o pneu rebentou. Passei a rolar somente na jante, e as coisas foram-se complicando. A etapa era dura, com muita pedra e areia e a mota não andava principalmente na areia e tive de a empurrar muitas vezes, mas passado pouco tempo percebi que era impossível chegar ao fim nesta condições, mas não queria desistir. Mesmo assim e com a ajuda de outros pilotos e a muito custo consegui chegar ao CP1 à 1 da manhã. Aqui consegui autorização de um piloto que teve um acidente e que tinha uma Yamaha igual a minha, que me cedeu a roda.
Foi uma experiência única. Adorei andar no deserto à noite, ver os animais, a paz, a solidão, o silêncio, que existe.
Não trocava esta aventura por nada neste mundo. Esta noite deu para pensar muito bem na vida. Pensar bem nas prioridades que tenho, e que muitas vezes não damos a importância necessária a pequenas coisas e que têm muito significado e outras em que damos a importância que elas não merecem.
É um pouco do que eu vejo neste povo, que vive praticamente na miséria e que não têm condições nenhumas, nenhum conforto, e que dão valor a tudo. Até um simples adeus nosso em cima da mota. São coisa que este Dakar me tem ensinado e nunca vou esquecer.
Aquelas horas todas no deserto sozinho ajudaram-me a decidir muitas coisas na minha vida que tenho de tomar quando chegar a Portugal. Vou ser uma pessoa diferente quando chegar ao meu país.”
Desta forma, as classificações não sofrem alterações, agora que as hierarquias começam a ser definidas, com a aproximação do Lago Rosa.
Nas motos, Mark Coma detém uma vantagem substancial, de mais de 54 minutos, para o segundo classificado, Cyril Despres, que terá que esperar por um momento de infelicidade de Mark Coma para ambicionar seriamente pela liderança, mas tem também de se preocupar com David Casteu, terceiro classificado na geral a pouco mais de 20 minutos de Despres. Depois de ter conquistado ontem a sua segunda vitória em etapas nesta edição, Helder Rodrigues, se mantiver o ritmo, prepara-se para fazer história, ocupando actualmente o sexto lugar da geral, a quase três horas do primeiro mas a menos de 40 minutos do quinto classificado. Um pouco mais para trás, Paulo Gonçalves (32º da geral) ficou arredado do top20 nas motos, resultado dos inúmeros problemas que têm surgido nas ultimas etapas, mas possível de recuperar até ao final, o mesmo se poderá dizer do sobrevivente da Algarve SpeDakar Team, Nuno Mateus, que se encontra na 35ª posição da geral. Carlos Ala, na 85ª posição é o terceiro melhor Português entre as motos e Pedro Bianchi Prata é outro dos sobreviventes, ocupando a 108ª posição.
A 11ª etapa do Lisboa-Dakar de 2007 não terá qualquer especial cronometrada. Após um aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, o qual alertava para a falta de segurança em algumas zonas do Mali, a organização da prova optou por alterar o percurso e eliminar a vertente competitiva desta dia.
Desta forma, os pilotos apenas terão que percorrer 280 quilómetros de ligação até Ayoun El Atrous, não havendo qualquer alteração nas classificações. Marc Coma (motos) e Stephane Peterhansel (automóveis) vão partir como líderes na tirada de quinta-feira, a qual marca o regresso da competição a sério.
Primeiro a vencer duas etapas na mesma edição
O piloto do Team Bianchi Prata/Vodafone/CIN/ACP Moto venceu ontem a 10ª etapa do Lisboa-Dakar e entra assim para a historia como sendo o primeiro português a vencer duas etapas na mesma edição da prova.
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Numa tirada muito difícil Hélder Rodrigues decidiu atacar e dominou do início ao fim esta 10ª etapa, e ascende assim ao 6º lugar da classificação geral, mantendo o lugar de melhor português em prova.
“Estou bastante contente, correu tudo muito bem, consegui andar sempre muito rápido e no final fiquei satisfeito com a vitória, acho que é um excelente premio para o esforço que a equipa e os nossos patrocinadores fizeram para que tudo isto fosse possível, estamos todos de parabéns.” comentou Hélder Rodrigues.
Pedro Bianchi Prata teve alguns problemas na etapa de ontem com a sua roda traseira, e mais uma vez teve que fazer grande parte da especial apenas com a jante. Mesmo assim conseguiu chegar ao fim mostrando uma enorme força de vontade em prosseguir nesta dura prova.
Bianchi Prata com fibra de Campeão
Na etapa nove, Pedro Bianchi Prata teve um problema com a roda traseira, vendo-se obrigado a viver uma aventura que só terminou às sete horas do dia seguinte: “Demorei 16 horas para chegar ao CP1 no quilómetro 218. No CP1 havia um piloto que tinha desistido e consegui autorização para trocar a minha roda com a dele. A partir dai fiz toda a especial sempre de noite, pois sai do CP à 1 hora da manhã, chegando ao acampamento às 7horas. Só tive tempo de trocar as rodas e o escape que tinha um problema e arrancar para a próxima especial. Sofri bastante, mas como quero cumprir o objectivo “Dakar” não desisto. Antes de partir ainda tive de ir ao médico da prova e fazer 5 flexões para provar que estava bem física e psicologicamente para arrancar para a etapa seguinte. Agora é fazer a especial de hoje tranquilamente, para poupar a mota e descansar um pouco.”, referiu Pedro Bianchi Prata.
Depois de uma das etapas mais difíceis de toda a prova e uma noite sem assistência, pilotos e máquinas ficaram entregues à sua... "sorte"! Entre Tichit e Néma, a nona etapa apresentou-se como um dos grandes clássicos do Dakar. Nada mais que 494 km's cronometrados de um deserto que parece não ter fim, em que os pontos de referência são poucos e distantes, causando profundas alterações na classificação geral e em particular dos automóveis.
Vítima de um incêndio no Volkswagen Race Touareg ao km 129 da especial de hoje, o líder da classificação geral nos automóveis, Giniel de Villiers encontra-se a ser rebocado até Néma. Mas os problemas da Volkswagen não se ficaram por aqui. Depois dos problemas acumulados nas últimas etapas, Carlos Sainz ficou apeado, com problemas na electrónica do seu Volkswagen.
Entretanto, o buggy de Jean-Louis Schlesser chegou ao final da etapa com o tempo de 5h32m03s, garantindo a segunda vitoria em etapas para o piloto Francês na corrente edição do Dakar. Com o segundo melhor tempo e a apenas 13 segundos de Schlesser, chegou o primeiro dos Mitsubishi Pajero, com Luc Alphand à frente de Stephane Peterhansel, novo líder da classificação geral nos automóveis, logo seguido da restante armada do construtor Nipónico, com Masuoka à frente de Nani Roma. Com tudo isto, Carlos Sousa foi o melhor dos Volkswagen, conseguindo o sétimo melhor tempo, a mais de 30 minutos, ainda que se tenha atrasado para ajudar Carlos Sainz... não fosse isso e talvez poderia aspirar a uma melhor posição na etapa. Apesar de consciente que o sétimo lugar sabe a pouco, o piloto do Team Lagos considera: "Que tomei a melhor atitude. Para mim é impensável ver um companheiro de equipa parado e não o ajudar. Sobretudo porque depois do que nos aconteceu nas últimas etapas, já não estamos em condições de lutar pelos primeiros lugares", referiu. Na geral, Peterhansel passou para a liderança, com uma vantagem de quase 8 minutos sobre o seu colega de equipa, Luc Alphand e mais de uma hora e 20 minutos de sobre o BMW de Nasser Al Attiyah. O primeiro Volkswagen, Mark Miller aparece na sexta posição da geral, enquanto que Carlos Sousa subiu à sétima posição, a mais de 4 horas de Peterhansel. Já Miguel Barbosa, atrasou-se imenso terminando a etapa na 74ª posição.
Nas motos, o Letão Janis Vinters estreou-se a vencer especiais, garantindo a vitória nesta nona etapa, com o tempo de 06h08m51s, ficando à frente de Cyril Despres e Mark Coma que mantém uma generosa diferença (54 minutos) para Despres, que é segundo da geral. De referir que Isidre Esteve Pujol, afundou-se na classificação depois de apenas ter sido apenas 8º na etapa. Entre os Portugueses, e no que diz respeito ás duas rodas, Helder Rodrigues mantém também um desempenho no mínimo excelente, averbando o 9º melhor tempo da etapa, a pouco mais de 9 minutos do primeiro, subindo 2 lugares na geral, passando a ocupar o sétimo lugar, a quase 3 horas de Mark Coma. Nuno Mateus, com o 38º melhor tempo foi o segundo melhor Português nas duas rodas, enquanto que, Paulo Gonçalves tem vindo a perder posições, não indo além do 55º melhor tempo do dia.
Nos camiões, as três horas de vantagem na geral que Hans Stacey aos comandos do MAN da equipa Exact-MAN para o segundo classificado, permite-lhes adoptar um andamento cauteloso, permitindo que a vitoria na etapa sorrisse ao Ginaf de Wulfert Van Ginkel, que mesmo assim venceu por uma vantagem de pouco mais de 12 minutos, em relação ao MAN de Stacey que foi segundo, mas que lhes permite aumentar ainda mais a vantagem para o segundo da geral, o Kamaz do Russo Mardeev. Quanto a Elisabete Jacinto, a piloto do MAN terminou na 22ª posição entre os camiões tendo, mais uma vez, percorrido a etapa em menos tempo que a grande maioria dos autómoveis, tendo sido inclusivamente o segundo Português a passar no CP1 (km218). Na geral, a piloto Português confirma o top20, mantendo a 19ª posição.
Depois do dia de descanso, pilotos e máquinas entraram em acção para a segunda parte do Lisboa-Dakar 2007, com a realização da oitava etapa que liga Atar a Tichit. Foram 589 quilómetros cronometrados que começaram com uma pista de cascalho mas, a meio do percurso, contou com uma boa dose de areia.
No final, Marc Coma venceu na categoria reservada às motos, aumentando a diferença na classificação geral em quase uma hora para o seu mais directo perseguidor, o Francês Cyril Despres, que foi segundo a pouco mais de 10 minutos para Coma. Quem seguiu de perto os dois primeiros foi o Norueguês Pal Anders Ullevalseter, a pouco mais de 24 minutos do primeiro. Entre os Portugueses, Hélder Rodrigues foi o melhor com o 12º melhor tempo do dia a pouco mais de uma hora de Mark Coma, descendo uma posição na geral, passando a ocupar a 9ª posição da geral. Mas esta foi também a etapa em que a lista de abandonos entre os Portugueses tem mais um nome. O vencedor da primeira etapa desta edição, Ruben Faria, foi obrigado a abandonar a prova depois de ter partido o motor da sua Yamaha.
Nos automóveis e à semelhança das motos, o líder da geral, Giniel De Villiers, também aumentou a vantagem na liderança ao vencer a etapa com o tempo de 7 horas, 31 minutos e 52 segundos, à frente dos Mitsubishi de Stephane Peterhansel e de Luc Alphand, que assumiram também a segunda e terceira posição da geral, relegando Carlos Sainz para a quarta posição da geral a mais de uma hora do seu colega de equipa na Volkswagen. O piloto Espanhol debateu-se com problemas de direcção no Volkswagen, o que não impediu de continuar em prova, mas atrasando-o irremediavelmente. Um olhar sobre as diferenças na geral, revela que Peterhansel está a mais de 30 minutos de De Villiers e Alphand a mais de 40 minutos, o que leva a antever-se um ataque "feroz" da Mitsubishi à liderança do Volkswagen de Giniel De Villiers, agora que a equipa Volkswagen começa a claudicar, quando ainda falta imenso "Dakar". Quem também não teve um bom dia foi Carlos Sousa. Em resultado de alguns problemas mecânicos, que aliado a atascanços e furos ditaram que não fosse além da 10ª posição na etapa a mais de 1 hora e 30 minutos do primeiro, mantendo no entanto a 9ª posição da geral. À chagada do acampamento o piloto de Almada dizia que o dia começou com um furo que rapidamente foi solucionado: "Mas, mais à frente viria um atascanço que nos fez perder demasiado tempo. Como se não bastasse, acabámos por embater com o cárter numa pedra. E a perda de óleo passou a ser uma constante". O titulo de segundo melhor Português do dia vai para o solitário Ricardo Leal dos Santos, que conseguiu o 45º melhor tempo a mais de 4 horas de De Villiers.
Dos automóveis para os pesados. Hans Stacey com o MAN mantém um ritmo elevado, vencendo a etapa com o tempo de 8h58m49s, menos 40 minutos que o Kamaz do Russo Ilgizar Mardeev, que durante a primeira parte da etapa esteve na dianteira, aumentando para este a diferença na geral para quase 3 horas. Nos monstros do deserto, Elisabete Jacinto averbou o 22º melhor tempo a mais de 03h46m37s do primeiro, entrando definitivamente no top20, passando a ocupar a 19ª posição da geral.
Não podia ter corrido melhor a sexta etapa para João Nazareth entre Tan Tan e Zouérat.
Uma etapa muito dura e longa em que os pilotos mesmo antes de iniciar a especial cronometrada apanharam uma tempestade de areia, chuva e ainda 200km com um piso completamente enlameado.
Nazareth iniciou a especial tomando diversas precauções, mas foi sempre subindo posições na classificação da etapa. Após a zona de reabastecimento João Nazareth alcança o seu principal adversário, o espanhol Gonzalez e não o larga mais. Estes dois pilotos rodaram juntos durante bastantes km, até que a certa altura apanham o Machacek, o segundo classificado nos Quad's. Os três pilotos fizeram uma grande parte da etapa juntos, mas chegava a altura de Nazareth atacar.
Com a etapa relativamente perto do final (70km para o fim da etapa), o piloto Nacional da Yamaha Quad Team faz um forcing e destaca-se dos adversários vencendo a etapa.
Desta forma João Nazareth sobe nove posições na classificação geral das motos e passa para o segundo lugar nos Quad's. De salientar a dificuldade e o perigo que há para os Quad's progredirem no tipo de piso que hoje encontraram (erva de camelo), comparativamente às motos de duas rodas.
Classificação geral dos Quad's após a 6ª etapa:
1 GONZALEZ (ESP) CAN-AM 23:51:29
2 NAZARE SANTOS (POR) YAMAHA 25:15:27
3 MACHACEK (CZE) YAMAHA 25:17:25
4 SANTOS (ESP) CAN-AM 28:46:34
5 MOREL (FRA) CAN-AM 29:18:27
6 MOREL (FRA) CAN-AM 29:46:51
«Os pilotos que vêm ao Dakar sabem perfeitamente os riscos que correm. É triste, mas isto faz parte da história», afirma Etienne Lavigne, o director da prova.
«O Dakar é uma das provas mais seguras do mundo. Tomamos todas as precauções que são possíveis, mas há certos riscos que não se podem prever, como foi o caso do acidente de Elmer Symons. Os pilotos é que mandam na velocidade que imprimem às motos e são eles que gerem os riscos que tomam. Esta é uma competição difícil, fisicamente e tecnicamente, onde o perigo existe na mesma proporção que se verifica nas montanhas ou no alto mar. É triste que isto aconteça, mas faz parte da história do Dakar. Todos os pilotos que participam nesta prova sabem-no bem.»
O jornal oficial do Vaticano condena com veemência a realização do Dakar. «É sangrento, irresponsável, violento e uma cínica tentativa de impor gostos inquestionavelmente ocidentais num continente ainda em desenvolvimento», lia-se na edição de hoje do «L'Osservatore Romano».
A citação, transcrita pela Reuters a partir de um editorial, reaje à morte do motociclista sul africano Elmer Symons durante a quarta etapa, embora o mesmo texto esteja errado quanto ao ponto de partida da prova: «o Paris-Dakar, que muitos classificam como um evento desportivo, na realidade tem muito pouco a ver com uma competição saudável», lê-se no mesmo editorial.
O artigo vai mais longe: diz que a prova e os seus patrocinadores atraiçoam as realidades locais de África com «cinismo», chamando aos despojos dos automóveis, motos e camiões que ficam abandonados no deserto «enferrujados monumentos à irresponsabilidade».
Até ao momento, ninguém da organização, a cargo da A.S.O., se pronunciou sobre a opinião do Vaticano.
A prova de todo-o-terreno mais famosa de todo o mundo, que não parte de Paris desde 2001, saíu de Lisboa nestas duas edições mais recentes. Ao longo da sua história de 29 anos, já assistiu a 49 mortes, 24 das quais de concorrentes.
A quinta etapa misturou os pisos muito rápidos com troços sinuosos, num percurso com muita areia, calhaus e dunas, ligando Ouarzazate a Tan Tan, passando pelo Atlas, num total de 775km, 325 dos quais cronometrados.
Nas motos, Isidre Esteve Pujol arrancou para esta etapa com claro objectivo de atacar a liderança da geral, ao vencer a etapa com o tempo de 03h56m22s, à frente do compatriota, Eric Coma, que ficou a apenas 1 minuto e 54 segundos, mas que viu a sua vantagem na geral reduzir-se para menos de 10 minutos. Com o terceiro melhor tempo, Cyril Despres ficou a mais de 5 minutos de Pujol, subindo para a quarta posição da geral. Entre os Portugueses, Ruben Faria com o tempo de 4h10m56s (+14m34s do primeiro) rubricou o sexto melhor tempo, voltando a sobressair entre a caravana motard Portuguesa. Quem também sobressaiu foi Paulo Gonçalves com o 13º melhor tempo na etapa, a mais de 20 minutos do primeiro, logo seguido de Helder Rodrigues, com o 15º tempo. Helder Rodrigues subiu até ao 11º lugar da geral, Paulo Gonçalves ao 18º lugar, mas Ruben Faria continua muito atrasado na classificação.
No final Paulo Gonçalves dizia, "A Especial de hoje correu muito bem. Tínhamos zonas rápidas, onde pude dar o máximo, e tínhamos outras montanhosas, mais lentas, onde foi necessário usar de mais cautela. Estou muito contente com o resultado de hoje, estive consistente e consegui subir mais umas posições na geral, o que é muito importante para o meu objectivo".
Automóveis:
As primeiras indicações ao longo dos pontos de passagem, onde era sempre segundo classificado, apontavam para uma excelente posição de Carlos Sousa, mas dificuldades nos últimos quilómetros da etapa ditaram a sexta posição, a quase 7 minutos de Carlos Sainz, vencedor de mais uma etapa desta edição do Dakar com o tempo de 3h36m39s. A apenas 30 segundos de "el matador" aparece Stephane Peterhansel no Mitsubishi, seguido de Giniel De Villiers, que permite o domínio da Volkswagen, ocupando as três primeiras posições da geral, com Sainz a deter uma vantagem de mais de 3 minutos sobre De Villiers e mais de 11 minutos sobre Carlos Sousa. Dezasseis minutos depois aparece o primeiro Mitsubishi, com Nani Roma a superar o favoritismo de Luc Alphand. Quem também estava em bom plano era Miguel Barbosa, mas mais uma vez, e já começa a tornar-se comum, um problema de direcção obrigou a uma condução mais lenta, evitando que a dupla Portuguesa terminasse no top10. Desta forma, o 25º lugar não reflecte o andamento evidenciado. Miguel Barbosa ocupa a 24ª posição da geral. Muito regulares, Francisco Inocêncio foi 38º a mais de 48 minutos de Sainz, Nuno Inocêncio foi 43º a 52 minutos do primeiro e Rodrigo Amaral foi 55º a mais de uma hora.
Ainda no que diz respeito aos Portugueses, depois dos problemas de ontem, Paulo Marques, arrancou para a etapa de hoje. Por outro lado, confirmou-se a desistência de Adélio Machado, que se junta a Ricardo Pina e a José Carvalho.
Com 405 quilómetros, a segunda especial marroquina, a quarta da corrente edição do Lisboa-Dakar, ficou marcada pela morte do motard Sul-Africano Symons Elmer, falecendo após uma queda, ao quilómetro 138 da etapa que liga Er Rachidia e Ouarzazate. Retirado de helicóptero para Er Rachidia (Sudeste marroquino), Symons Elmer morreu durante a transferência para o aeroporto, noticia a agência de imprensa marroquina MAP.
Uma etapa que apresenta os primeiros indícios de dunas mas que não atemorizaram Eric Coma, que com o tempo de 04h27m54s sagrou-se vencedor da etapa, assumindo também a liderança na categoria. Com o segundo melhor tempo, Isidre Esteve Pujol ficou a mais de 12 minutos de Coma perdendo a liderança que agora passou a estar a mais de 11 minutos. A quase 19 minutos, surgiu Cyril Despres, que subiu à sexta posição da geral. Os motards Portugueses continuam em bom plano, com Helder Rodrigues a assumir-se como o mais rápido ao conseguir o 15º melhor tempo, a mais de 45 minutos do primeiro, mas descendo para 12ª posição da geral. Um pouco mais atrás, Paulo Gonçalves tem vindo a melhorar a sua performance averbando o 19º melhor tempo na etapa, a pouco mais de uma hora, subindo duas posições da geral, colocando-se no 21º lugar. Destaque ainda para Pedro Oliveira com o 22º melhor tempo, logo seguido de Bianchi Prata e Ruben Faria que mostra estar recuperado do dia de ontem, ficando a pouco mais de 1h20m do primeiro.
João Nazareth - 4ª etapa Lisboa-Dakar 2007
Nos automóveis e como que cumprindo uma promessa, quando avisou os seus adversários que sozinho era mais rápido, Jean Louis Schlesser e o seu buggy venceram a etapa, com o tempo de 03h59m54s. A menos de 8 minutos de Schlesser, aparece Carlos Sousa, que aos poucos tem vindo a adaptar-se da melhor forma ao Volkswagen para superar com distinção as etapas do Lisboa-Dakar, mantendo a terceira posição na classificação geral a pouco mais de 4 minutos do líder, Carlos Sainz, que foi terceiro na etapa, a quase 8 minutos do buggy de Schlesser. Nani Roma, na quarta posição, foi o melhor dos Mitsubishi Pajero. Miguel Barbosa, o segundo melhor Português, mantem o seu calvário de problemas não indo além do 43º melhor tempo, a 01h39m52s do primeiro, descendo para a 27ª posição da geral. Ainda na caravana dos Portugueses, a regularidade de Francisco continua a dar frutos, tendo conseguido o 52º melhor tempo e terceiro entre os Portugueses a quase duas horas do primeiro, ocupando a 39ª posição da geral.
Carlos Sousa - 4ª etapa Lisboa-Dakar 2007
No final da etapa, Carlos Sousa afirmou que, "Toda a equipa está muito motivada e confiante. Aumentei a vantagem à geral para o quarto classificado e isso dá-nos mais tranquilidade. Penso que é um resultado muito importante, especialmente porque nesta fase do rali ainda estão todos os principais pilotos em prova e conseguimos perceber qual a nossa performance em relação aos nossos adversários", continuou Carlos Sousa que registou o melhor tempo entre os Volkswagen.
Hans Stacey da equipa Exact-MAN tinha tudo encaminhado para vencer a etapa quando passou no CP1 à frente da equipa Russa do Kamaz, mas problemas mecânicos deitaram tudo a perder, entregando a vitória na etapa a Vladimir Tchaguin, no favorito Kamaz. Ainda assim a equipa do MAN conseguiu o segundo lugar, a quase 13 minutos. Na geral a equipa da Kamaz aumenta a vantagem para 24 minutos. Elisabete Jacinto subiu para a 33ª posição da geral com o 35º melhor tempo hoje.
Classificação dos 3 primeiros das Motos na Etapa:
1 COMA (ESP) KTM 04:27:54
2 ESTEVE PUJOL (ESP) KTM 04:40:10 +00:12:16
3 DESPRES (FRA) KTM 04:46:50 +00:18:56
Classificação dos 5 primeiros nos Automóveis:
Ruben Faria atingiu acampamento no final do dia de ontem e hoje partiu para a quarta etapa nas últimas posições deste Dakar.
O dia de ontem foi de azar para o vencedor da primeira etapa do Dakar 2007, Ruben Faria. Após uma queda ao quilómetro 185 a sua moto ficou com uma fuga de óleo que impossibilitou a sua continuidade em prova, forçando o piloto do Algarve a esperar pelo camião-vassoura. Ruben conseguiu atingir o final da etapa em Er Rachidia e a sua equipa recuperou a sua Yamaha para que este pudesse partir hoje de manhã e continuar em prova. A classificação está definitivamente estragada, mas Faria não abandonou e vai agora tentar recuperar o mais possível e atingir de novo Dakar.
Já em solo Africano, a caravana do Dakar enfrenta as primeiras dificuldades da grande aventura com a realização da terceira etapa, entre Nador e Er Rachidia num total de 649 km's, dos quais 252 quilometros são cronometrados.
Depois do brilharete nas etapas Nacionais, a liderança Lusa não resistiu à primeira etapa em solo Africano. Hélder Rodrigues perdeu a liderança na geral ao ficar a mais de 23 minutos do vencedor da etapa, conquistada por Marc Coma com o tempo de 03h07m39s. Mas quem assumiu a liderança foi Isidre Esteve Pujol que ficou a quase 3 minutos de Coma, averbando o terceiro melhor tempo atrás de Chris Blais que ficou a menos de um minuto do primeiro. Na geral, Isidre Esteve Pujol conseguiu uma vantagem de 26 segundos sobre Eric Coma, vencedor da etapa do dia. Já Helder Rodrigues com o 23º tempo, desceu para a 6ª posição da geral, enquanto no que se refere ao herói da primeira etapa, Ruben Faria, está parado ao quilometro 185 da especial, com o motor da sua moto partido, aguardando o carro vassoura para tentar continuar em prova.
Também nos automóveis, Carlos Sousa perdeu a liderança para Carlos Sainz. A vitória na etapa coube ao Sul-Africano Giniel De Villiers aos comandos de um Volkswagen com o tempo de 02h46m12s, à frente de Carlos Sainz (+25seg) e de Stephane Peterhansel, o primeiro dos Mitsubishi a mais de 3 minutos de DeVilliers. Carlos Sousa foi sexto na etapa a mais de 5 minutos do primeiro descendo à 3ª posição da geral a 4m26 segundos de Sainz, o novo líder. Na segunda posição da geral a um minuto do líder encontra-se Giniel de Villiers. Por outro lado Sousa tem Peterhansel a menos de 2 minutos. No final Carlos Sousa disse: "Na dificuldade em ultrapassar o Guerlain Chicherit. Ele não facilitou a passagem e demorámos muito tempo até o conseguirmos ultrapassar. Isto obrigou-nos a uma enorme perda de tempo. Caso contrário, penso que estaríamos melhor posicionados", afirmou o piloto de Almada. A Alemã Jutta Kleinschmidt continua em maré de azar, deparando-se com um princípio de incêndio no seu BMW X3 ao quilómetro 20 da etapa, mas conseguiu retomar a prova.
De volta aos Portugueses, Nuno Inocêncio foi o segundo melhor Português na etapa com o tempo de 03h22m20s, a mais de 36 minutos do primeiro. Sem tracção traseira no Proto Dessoude, Miguel Barbosa caiu para a 21ª posição da geral, depois de ter sido 38º na etapa a quase 44 minutos do primeiro.
O director do Lisboa-Dakar, Étienne Lavigne, mostrou-se muito satisfeito com a organização portuguesa da prova, garantindo mesmo que a edição de 2007 do lendário rally teve a melhor partida das últimas duas décadas.
«Foi um enorme prestígio para o Dakar ter começado em Lisboa. Posso mesmo afirmar que esta foi a melhor grande partida dos últimos 20 anos. O que se passou em Portugal foi grandioso, desde o entusiasmo do público até à capacidade de organização, bem como o espectáculo fornecido pelos pilotos. Mas ter cerca de meio milhão de espectadores num só dia é inacreditável», referiu o francês.
Lavigne também deu os parabéns aos líderes Carlos Sousa e Hélder Rodrigues. «Ambos deram o seu melhor e correram bastantes riscos para conquistarem e manterem as suas posições. Foi bom para os portugueses, que tanto vibraram com esta corrida», concluiu.
Hélder Rodrigues apostava mais na primeira especial para conseguir a sua primeira vitória numa etapa do Dakar, mas nunca contou que Ruben Faria se mostrasse mais forte e acabou por ser segundo no dia de arranque do Dakar 2007. Mas hoje, em solo algarvio e nas sinuosas e escorregadias pistas da região de Monchique, Rodrigues deu tudo por tudo e acabou por não só vencer a especial com 1m03s de vantagem para Ruben Faria, mas assumiu igualmente a posição de líder entre as motos antes da chegada a Marrocos e ao continente africano. Com 67 quilómetros de extensão a especial que marcou a despedida do Dakar voltou a ser dominada por portugueses. No primeiro dia tinha sido Ruben Faria a vencer, hoje foi Rodrigues, com Ruben logo atrás. Na terceira posição da etapa terminou Isidre Esteve, seguido por David Casteu tal como ontem. O defensor do número 1, foi apenas quinto.
Assim, quando a prova está já a caminho de África, Hélder Rodrigues é o primeiro na classificação e parte para a terceira etapa com 47 segundos de vantagem para Ruben Faria e 6m29s sobre Isidre Esteve. O primeiro dia em África promete ser bastante animado com uma esperada resposta por parte dos pilotos da equipa da KTM, que saíram de Portugal envergonhados pelas prestações de Hélder Rodrigues e Ruben Faria.
29 anos de DAKAR
A aventura começou em 1977. Thierry Sabine perdeu-se na sua moto no deserto da Líbia durante o rali Abidjan - Nice. "Salvo das areias" in extremis, o piloto regressou a França subjugado pelas paisagens de sonho. Thierry Sabine prometeu na altura partilhar a sua descoberta com um máximo de pessoas e esse foi o seu objectivo: trazer um máximo de pessoas para esta imensidão de areia.
Thierry Sabine imaginou assim um percurso extraordinário com partida na Europa. O traçado passaria em seguida por Alger, atravessando depois Agadez para terminar em Dakar. O projecto concretizou-se rapidamente.
O Paris-Dakar abriu-se a um mundo desconhecido, no qual o seu criador, Thierry Sabine, surge como um verdadeiro pioneiro. O seu lema era então: "Um desafio para os que partem. Um sonho para os que ficam." A África, continente de múltiplas facetas, oferece um elixir perfeito que mistura o sonho e a competição. Em 26 de Dezembro de 1978, partiu da Praça do Trocadéro o primeiro Paris-Dakar. Foi há mais de um quarto de século...
Carregue o histórico do Dakar de 1979 a 2006 (formato pdf, 166 páginas, 1.8 Mb) (versão francesa)
Carregue o histórico do Dakar de 1979 a 2006 (formato pdf, 165 páginas, 2.2 Mb) (versão inglesa)
Um evento como o Dakar envolve números no mínimo "astronómicos". No dia 6 de Janeiro, 525 equipas dão início em Lisboa a uma aventura de 7.915 quilómetros para chegar ao tão ambicionado destino, Dakar, no Senegal. Para se ter uma ideia dos números em torno de uma aventura desta magnitude, ficam aqui alguns dados da equipa oficial Volkswagen.
São cinco os Volkswagen Race Touareg que vão competir no "Dakar" 2007: Aos carros de fabrica de Mark Miller/Ralph Pitchford (USA/RSA), Carlos Sainz/Michel Périn (E/F), Ari Vatanen/Fabrizia Pons (FIN/I), Giniel de Villiers/Dirk von Zitzewitz (RSA/D) junta-se Carlos Sousa/Andreas Schulz (P/D) da equipa "Lagos Team".
6 Países são atravessados pela caravana ligando Lisboa a Dakar: Portugal, Espanha, Marrocos, Mauritânia, Mali e o Senegal.
12 barracas da Volkswagen são erguidas todas as noites como áreas de trabalho para engenheiros, médicos, pilotos e navegadores, fisioterapeutas, entre outros.
12 são as participações de Ari Vatanen na prova Africana, é também o piloto mais bem sucedido presente nesta edição, com um total de 4 vitórias.
15 etapas compõem o Lisboa-Dakar a decorrer entre os dias 6 e 21 de Janeiro.
16 dias são necessários para os participantes cumprirem o percurso entre Lisboa e Dakar.
23 Vitorias à geral no todo o terreno pertencem a Michel Périn's. O piloto Francês é o mais bem sucedido navegador nesta disciplina.
25 Toneladas de material e equipamento serão transportados nos camiões da equipa Volkswagen, incluindo 400 pneus BFGoodrich equipados com jantes BBS.
30 Veículos formam a armada Volkswagen: 4 Race Touareg 2, 3 camiões inscritos na categoria, 7 camiões de assistência ou de serviço, 1 camião dedicado à multimédia, 3 Volkswagen Transporter T5, 9 Touareg de assistência e Touareg de imprensa. Para além disto um Race Touareg 2 e três veículos de assistência da Lagos Team de Carlos Sousa.
120 km/h é a velocidade máxima dos veículos de assistência. Ao atravessar cidades e vilas esta baixa para os 30 e/ou 50 para todos os competidores.
240 é o numero total de veículos de assistência presentes no "Dakar".
525 Participantes arrancam de Lisboa na qualidade de competidores: 250 motos, 187 carros e 88 camiões de competição.
775 Quilómetros é a distancia da etapa mais longa, ligando Ouarzazate a Tan Tan em Morrocos, 325 dos quais contra relógio e 450 de ligação.
1,560 t-shirts serão solicitadas pela equipa Volkswagen ao longo do rally.
1,787.5 kg é o peso mínimo estipulado pela regulamentação de cada um dos Volkswagen Race Touareg 2.
2000 sopas rápidas serão distribuídas pelos membros da equipa Alemã. O pequeno-almoço e o jantar são providenciados pela organização.
4,309 quilómetros serão percorridos contra-relogio ao longo das 15 etapas.
7,915 quilómetros é a distancia total do percurso da edição de 2007 do Dakar.
13,000 pilotos e navegadores já participaram no Dakar desde 1979.
44,000 Litros de gasóleo são fornecidos pela BP/Aral para alimentar os Race Touareg e camiões de assistência.
80,000 Watts serão produzidos pelo gerador da equipa Volkswagen.
in dakar.iol.pt
Passavam poucos minutos das 08:00 quando a piloto lusa se tornou a primeira a entrar com o seu novo camião da marca MAN no parque de verificações montado nas traseiras do Centro Cultural de Belém.
«Este ano vou participar com um camião que é mais leve e mais fácil de conduzir, principalmente na passagem sobre as dunas», referiu Elisabete Jacinto, que na 29ª edição da prova volta a comandar a equipa Trifene 200/MAN Portugal.
Depois de uma «maratona» das inevitáveis verificações, que duraram cerca de duas horas, a piloto mostrou-se confiante num bom resultado, mas admitiu que é preciso alguma cautela durante as etapas iniciais.
«Com as minhas capacidades de conduzir e com o camião que tenho este ano, acho que posso fazer uma classificação razoável. É preciso começar à defesa, com cautela, para não desgastar o veículo e podermos chegar ao fim», disse.
Outro dos pilotos que apareceram bem cedo em Belém foi Ricardo Leal dos Santos, que parte para a edição deste ano novamente sozinho, depois de em 2006 ter vencido a categoria de automóveis com apenas um tripulante (45º posto da geral).
«No ano passado foi minha primeira experiência na prova. Este ano espero acabar e quem sabe fazer melhor. Claro que existe alguma ansiedade, mas só na altura da partida. Agora vou descansar e vou estar tranquilo», afirmou à Lusa, enquanto esperava que o seu número, o 358, fosse chamado pela organização para dar início ao processo de verificação do seu Mitsubishi.
Fazendo uma última inspecção ao carro, Leal do Santos explicou à Lusa as dificuldades que existem em participar sozinho numa prova como o Lisboa-Dakar e mostrou-se esperançado em ser o primeiro piloto a finalizar a nível individual em dois anos consecutivos.
«Se tiver algum problema terei que ser eu a fazer o trabalho todo. Caso fique atolado num buraco terei que fazer o dobro do trabalho, mas tenho que ter esperança para que isso não aconteça e corra tudo bem», referiu.
Nas motos, Ruben Faria, que esteve em destaque na edição de 2006, com uma vitória na segunda especial e uma quarta posição em solo africano, foi dos primeiros a romper pelo parque de estacionamento.
«Fiquei surpreendido com a minha performance do ano transacto. Este ano as expectativas são muitas, mas admito que estou com um pouco mais de cautela», disse à Lusa, recordando o episódio da prova de 2006, na qual esteve perdido durante 10 quilómetros em Marrocos e acabou por sofrer uma queda.
Sentado na sua KTM, o piloto garantiu que vai «dar o máximo», mas afirmou que não vai entrar na prova «à maluca, como no ano passado».
«Quero alcançar uma boa classificação, com uma performance regular em todas as etapas e não com o desequilíbrio de 2006», disse, enquanto pedia, em gesto de brincadeira, aos mecânicos da sua equipa que visionavam a moto: «Não me stressem mais».
O mais mítico dos ralis todo-o-terreno parte de Lisboa na manhã de sábado e termina a 21 de Janeiro, em Dakar.
texto: Diário Digital / Lusa
foto: http://man-mn.pt