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Não, eles só fazem isto porque querem mesmo entrar para o Team Xanfre!

Os verdadeiros heróis…

Por vezes as pessoas descobrem que é nas horas mais difíceis que ficam a saber que são capazes de ir mais além. Estrear-se numa prova como o Dakar e passar 24 horas em cima da moto, com imensas peripécias, não é para qualquer um. Foi o que sucedeu a Pedro Bianchi Prata. Por outro lado, o seu colega Hélder Rodrigues definiu a mesma palavra herói doutra forma ao tornar-se o primeiro português a vencer duas etapas na mesma prova.

Neste contexto, o dia de descanso mesmo a calhar para os dois pilotos da Bianchi Prata competições. Se para Hélder Rodrigues o dia serviu para ganhar novo alento para o que resta do Dakar, no sentido de tentar dar mais algumas alegrias aos portugueses, Pedro Bianchi Prata, nesta sua estreia no Dakar, já leva muito para contar.


Os verdadeiros heróis…

Hélder Rodrigues - “Hoje foi um dia bastante bom para nós, pois estavamos todos muito cansados. Um dia praticamente de repouso com uma ligação pequena, mas até fez bem para descontrair um pouco. Agora estamos a preparar tudo para amanhã arrancarmos na frente do Dakar mais uma vez. Vai ser mais uma aventura. O meu objectivo amanhã vai ser rolar rápido, com cabeça, com juízo. Vou tentar navegar ao máximo para fazer o máximo de quilómetros possíveis na frente.”

Pedro Bianchi Prata - “A etapa de hoje foi muito tranquila, porque foi só uma ligação, numa toada amena em alcatrão. Até viemos junto com as assistências.
A etapa de há 2 dias atrás é que continua sem me sair da cabeça. A aventura que passei naquela noite no deserto e as coisas que vivi naquelas mais de 24 horas em cima da mota, e que ao fim ao cabo foram 2 etapas juntas porque cheguei de manhã e arranquei logo para a etapa seguinte. Foi uma aventura muito engraçada, onde tive um problema com a roda de trás e o pneu rebentou. Passei a rolar somente na jante, e as coisas foram-se complicando. A etapa era dura, com muita pedra e areia e a mota não andava principalmente na areia e tive de a empurrar muitas vezes, mas passado pouco tempo percebi que era impossível chegar ao fim nesta condições, mas não queria desistir. Mesmo assim e com a ajuda de outros pilotos e a muito custo consegui chegar ao CP1 à 1 da manhã. Aqui consegui autorização de um piloto que teve um acidente e que tinha uma Yamaha igual a minha, que me cedeu a roda.

Foi uma experiência única. Adorei andar no deserto à noite, ver os animais, a paz, a solidão, o silêncio, que existe.

Não trocava esta aventura por nada neste mundo. Esta noite deu para pensar muito bem na vida. Pensar bem nas prioridades que tenho, e que muitas vezes não damos a importância necessária a pequenas coisas e que têm muito significado e outras em que damos a importância que elas não merecem.

É um pouco do que eu vejo neste povo, que vive praticamente na miséria e que não têm condições nenhumas, nenhum conforto, e que dão valor a tudo. Até um simples adeus nosso em cima da mota. São coisa que este Dakar me tem ensinado e nunca vou esquecer.

Aquelas horas todas no deserto sozinho ajudaram-me a decidir muitas coisas na minha vida que tenho de tomar quando chegar a Portugal. Vou ser uma pessoa diferente quando chegar ao meu país.”